ATA DA NONA
REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 05.02.1997.
Aos cinco dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum e
Renato Guimarães, Titulares, e João Carlos Nedel, Suplente. Ainda, durante a
presente Reunião Ordinária, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni e
Fernando Záchia, Titulares. Constatada
a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Sétima e
Oitava Reuniões Ordinárias da Primeira Comissão Representativa, que foram
aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 45 e 46/97, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 01/97, da Esso Brasileira de Petróleo Limitada;
08/97, do Delegado José Raldi Sobrinho, Chefe de Polícia Civil do Estado/RS;
245.96/97, do Senhor Carlos Maximiliano Fayet, Presidente do Instituto dos
Arquitetos do Brasil - IAB/RS; s/nº, da Senhora Wrana Panizzi, Reitora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; s/nº, da Senhora Rejane Penna
Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes, Recreação e Lazer; s/nº, do Senhor
Marcelo Dihl Feijó, Diretor da Aerotur - Agência de Viagens e Turismo;
Telegramas: do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil do
Governo do Estado do Rio Grande do Sul; do Deputado Estadual Valdir Heck; da
Deputada Estadual Maria do Carmo Bueno; do Deputado Estadual Edemar Vargas; do
Senhor Marinon Porto, da Secretaria de Estado da Saúde e Meio Ambiente; do
Senhor Arare Vargas Fortes, da Superintendência Regional da Cia. Nacional de
Abastecimento; do Senhor Amaury Soares Silveira, Diretor-Presidente da APLUB; do
Senhor Rubem da Silva; do Senhor Richard Goldberg, Diretor Regional do SENAC;
do Senhor José Carlos Weber, Presidente da Associação dos Delegados de Polícia
do Estado/RS; do SINDICÂMARA, da Scorza Engenharia e Construções Ltda.; do
Senhor José Dubin, Diretor da Ativa; do Jornalista Diogo Oliveira; do Senhor
Antônio Castro; Cartões: do Senhor Tarso Genro; do Senhor Estilac Xavier,
Secretário Municipal de Obras e Viação; do Senhor Newton Burmeister, Secretário
do Planejamento Municipal; do Senhor Dieter Wartchow, Diretor-Geral do
Departamento Municipal de Águas e Esgotos; do Senhor Túlio Luiz Zamin,
Diretor-Presidente da Companhia Carris Porto-Alegrense; do Delegado José Raldi
Sobrinho, Chefe do Polícia Civil; do Senhor Roberto Pandolfo, Gerente-Geral da
VARIG; da Senhora Vera Lúcia Martins
Vianna, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal; do
Senhor Roberto Argenta,
Diretor Presidente da Calçados Beira Rio Ltda.; do Senhor Alberto André; do
Senhor Jorge Neves; do Senhor Alceu Menin; Convite: da Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO, para a cerimônia de assinatura da
Ordem de Serviço que marca o início das obras do novo Complexo Aeroportuário
Internacional Salgado Filho. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli
Sell, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Pedro Ruas, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Renato Guimarães, 01 Pedido de Informações nº 11/97 (Processo nº
444/97). Na ocasião, o Senhor Presidente apregoou os Ofícios nº 49/GP, do
Senhor Prefeito Municipal Raul Pont, informando que se ausentará do Município
do dia três ao dia sete do corrente mês, e 51/GP, do Senhor Prefeito Municipal,
em exercício, José Fortunatti, solicitando prorrogação do afastamento do
Prefeito Raul Pont, do dia sete ao dia onze do corrente mês. Ainda, o Senhor
Presidente esclareceu que, se o período de afastamento do Senhor Prefeito for
igual ou superior a cinco dias, a autorização para tal deve ser aprovada por
esta Casa; se for inferior, não haverá
necessidade de aprovação, bastando que seja feito um comunicado a este
Legislativo. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi
iniciada a ORDEM DO DIA. Foram aprovados os Requerimentos nºs 15/97 (Processo
nº 396/97 - Homenagem ao Dia Internacional da Mulher), de autoria da Vereadora
Anamaria Negroni, após ser encaminhado à votação pela Vereadora Maria do
Rosário, e 18/97 (Processo nº 456/97 - Sessão Solene para homenagear o Ypiranga
Futebol Clube), de autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Após, em Discussão
Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 01/97
(Processo nº 494/97), após ser
encaminhado à votação pelo Vereador João Dib. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli
Sell comentou alguns aspectos relativos às despesas do Executivo Municipal com
publicidade, fazendo um paralelo com os gastos do Governo Estadual referentes à
mesma área. Na ocasião, o Senhor Presidente forneceu esclarecimentos acerca do
funcionamento deste Legislativo durante os feriados relativos ao Carnaval/97.
Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Anamaria Negroni criticou os gastos que o
Executivo Municipal vem fazendo com publicidade. Teceu considerações a respeito
do problema dos alagamentos observados, após as chuvas, em vários pontos da
Cidade. Também, apoiou a construção de uma pista de eventos em Porto Alegre,
salientando sua importância para o nosso desenvolvimento cultural. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Anamaria Negroni manifestou sua posição
favorável à Lei da Doação Presumida de Órgãos, sancionada ontem pelo Presidente
da República. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Garcia discorreu sobre a
interdição, pelo Executivo Municipal, de antigo prédio da Mesbla, localizado na
Rua Voluntários da Pátria, atualmente ocupado pela Universidade Luterana do
Brasil - ULBRA. Solicitou uma
maior fiscalização, por parte
das autoridades competentes, no sentido de coibir o funcionamento
de prostíbulos nos arredores daquele prédio, visando principalmente evitar a
exploração sexual de menores. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Fernando Záchia
reportou-se ao pronunciamento do Vereador Adeli Sell, acerca de gastos públicos
com publicidade, defendendo a priorização, pelos Edis desta Casa, da discussão
de assuntos relativos a Porto Alegre. O Vereador Gerson Almeida, comentando o pronunciamento do Vereador Fernando
Záchia, acerca da priorização, pelos Senhores Vereadores, de assuntos de
caráter municipal, declarou que a situação de Porto Alegre não pode ser desvinculada dos cenários
nacional e estadual. Ainda, falou sobre as novas Mesas Diretoras da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia ressaltou que sua posição tem
sido a de criticar o PMDB quando este erra, o que não se observa na relação dos membros do PT com o partido que
integram. Também, disse que o privilégio das questões de Porto Alegre não significa a exclusão de outras temáticas de
envergadura estadual ou nacional. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Guilherme Barbosa, lendo coluna do articulista Paulo
Santana, publicada no jornal Zero Hora de hoje, reportou-se à figura do
jornalista Paulo Francis, falecido ontem. Rebateu críticas aqui feitas por
Vereadores da Casa, à atuação do PT à frente do Executivo Municipal. Ainda, sob
o argumento da elevação desmesurada de tarifas, criticou a privatização dos
serviços telefônicos no País. O Vereador João Dib, referiu-se aos gastos com publicidade observados durante a administração
do ex-Prefeito Tarso Genro. Falou sobre a polêmica que atualmente envolve a
Administração Municipal e a ULBRA, face à interdição de obra dessa
Universidade, lembrando posição da Secretaria Municipal de Obras e Viação a
respeito de construção irregular situada na esquina da Avenida 24 de Outubro
com a Rua Nova York. Finalizando, discorreu sobre a atuação do Departamento de
Esgotos Pluviais no referente à limpeza de bueiros na Cidade. O Vereador José
Valdir afirmou a inviabilidade desta Casa restringir-se aos temas locais, eis
que os partidos aqui assentes têm expressão estadual e nacional e que a
política destas esferas influi sobre a política local. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Adeli Sell, destacando a preocupação do PT com os alagamentos na Zona Norte da Cidade,
discorreu sobre ações da Administração Municipal para solucionar este problema.
Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro expressou seu repúdio à dicotomia
presente nos debates de hoje entre assuntos municipais e de outras esferas.
Comentou considerações feitas pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado,
acerca de problemas enfrentados pelo Poder Judiciário. Disse estar aguardando a
presença do Vereador Antonio Hohlfeldt para se pronunciar acerca da realização
de desafetações de terrenos localizados
no Bairro Vila Jardim. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reiterando
que a única ideologia que
lhe move é a do "bem comum", criticou a veiculação de
publicidade oficial pelo Executivo Municipal -
nomeadamente editais
-"slogans" e chamadas publicitárias. Durante os
trabalhos, a Reunião
esteve regimentalmente suspensa por doze minutos. Às doze horas, nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da
presente Reunião, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa, e secretariados pelos
Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Sr. Vereadores. Recebemos, do Sr. Prefeito Raul
Pont, na data de 30 de janeiro de 1997, uma comunicação de que estaria se
movimentando por 4 dias, e, posteriormente, o Prefeito, em viagem, comunicou ao
Prefeito José Foturnati, através de ofício nº 049/ GP.
(Lê.)
"Senhor Presidente:
Ao cumprimentá-lo,
respeitosamente, comunico que estarei ausente do Município no período das 08
horas do dia 03-02-97, até às 18 horas do dia 07-02-97.
Nesta oportunidade, estarei
tratando de assuntos de interesse particular, devendo meu deslocamento ser sem
ônus para o Município. Neste período, conforme estabelece a Lei Orgânica,
assume o cargo, o Senhor Vice-Prefeito.
Ao ensejo, aceite meus
respeitosos cumprimentos.
Raul Pont,
Prefeito."
O Prefeito, para se
ausentar, até 5 dias, apenas faz uma comunicação à Presidência e a Presidência informa o Plenário. Esta é a
norma. No caso, ele se afastou por 4 dias, mas sentiu a necessidade, durante o
afastamento, de pedir mais 3 ou 4 dias. Aí passou do limite. Logo, vamos
apregoar o Ofício nº 51/GP, para depois votarmos uma licença para o Prefeito,
para as questões ficarem totalmente resguardadas.
Está apregoado o Ofício nº
51/GP-97, do Sr. Prefeito Municipal em exercício.
Havendo quórum, passamos ao
período da
ORDEM DO DIA
Requerimento da Verª.
Anamaria Negroni para que o Grande Expediente do dia 5 de março de 1997 seja
realizado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Em votação. (Pausa.) A
Verª. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Quero saudar a nobre colega, pela iniciativa, e
dizer da importância de registrarmos, nesta Casa, a passagem do Dia
Internacional da Mulher, e discutirmos a condição da mulher em todos os espaços
da sociedade: no trabalho, na família, em todos os espaços da vida, e a sua
valorização como ser humano.
A iniciativa da vereadora, certamente, encontrará
acolhida de todos os colegas Vereadores, mas, de um modo especial, de todas as
Vereadoras desta Casa. Gostaria de sugerir que as Vereadoras, que nesta Legislatura
conquistaram uma ampliação, sejam consignatárias desta proposição da Vereadora
Anamaria Negroni, como neste momento eu me proponho a ser.
Registramos que, no início
do período Legislativo, quando estivermos reunidos Comissão de Defesa do
Consumidor e Direitos Humanos, é nossa intenção submetermos aos colegas da
Comissão a realização de uma audiência pública que reúna sindicatos, associações,
as mulheres e os homens de Porto Alegre interessados em debater esta questão e
discutirmos a condição da mulher trabalhadora, a questão da desigualdade do
salário e da vida. Também, de um modo específico, uma das questões que mais nos
preocupam, neste processo, que é a feminilização da pobreza, que foi
apresentada pela Conferência Internacional da ONU, realizada em Pequim, no ano
passado. Outras questões preocupantes são o atendimento preventivo contra a
violência que é cometida em relação às mulheres e, também, as condições
necessárias para que elas consigam garantir
uma vida digna para as suas famílias. Aqui entra, de um modo especial, a
questão da creche e do atendimento dos filhos que, lamentavelmente, ainda, às
vésperas do próximo milênio, se mantém quase que como uma responsabilidade
específica das mulheres. As mulheres, sem dúvida, não querem abrir mão desta
responsabilidade, mas querem firmar uma cultura de participação, de paternidade
consciente, de família, de troca, de solidariedade, de trabalho conjunto.
Acho que a nobre colega
tomou uma iniciativa importante nesta Casa, mas me parece, e neste sentido a
nossa Bancada estava trabalhando até este momento, que todas as Vereadoras
poderiam fazer esta solicitação em conjunto, demonstrando a sintonia, a
promoção da figura da mulher na sociedade, que é uma tarefa de todas as
mulheres e homens comprometidos com uma vida melhor para toda a população
brasileira.
Então, coloco o desejo da
Bancada do PT para que seja aprovada esta proposição, e que todos nós possamos
ser dela consignatários. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
Como não há mais encaminhamentos, a Mesa coloca em votação o Requerimento da
Verª. Anamaria Negroni.
Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento de autoria do
Ver. Reginaldo Pujol, que requer que seja realizada Sessão Solene destinada a
homenagear o Ypiranga Futebol Clube, no dia 18 de março de 1997.
Como não há encaminhamentos,
coloco o Requerimento em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO, com
abstenção do Ver. Guilherme Barbosa.
A Mesa informa que esses
Requerimentos, antes, passam pela Assessoria de Relações Públicas para ver
datas e para usar o tempo que cada Vereador tem durante o ano. Os Vereadores
que vêem os seus Requerimentos aprovados ficam conscientes de quais espaços já
fizeram isso e de quais vezes ainda poderão usar. Em início de Legislatura, a
gente não peca por estar informando o óbvio, mas algumas instruções nesse nível
nós estamos elaborando através das Relações Públicas para distribuir a todos os
Srs. Vereadores, para facilitar o trabalho dos seus gabinetes.
Aprovado este Requerimento,
nós pedimos a suspensão da reunião por cinco minutos, porque o PDL nº 01/97
está chegando à Mesa.
(Os trabalhos foram
suspensos às 9h50min.)
O SR.
PRESIDENTE (às 10h02min): Estão reabertos os trabalhos.
PROC. 494/97 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 01/97, que autoriza o Prefeito a
afastar-se do Município das 8h do dia 03.02.97 às 11h do dia 11.02.97, para
tratar de assuntos particulares.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. (Pausa.) Em votação. Com a palavra o Ver. João Dib, para
encaminhar.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Já havia chamado a atenção, na Sessão anterior: o
Prefeito não deve colocar dia 11, às 11 horas da manhã. Ele deve colocar dia 11
e, a hora em que ele chegar, chegou
bem, porque, se ele não chegar às 11 horas da manhã, não vai acontecer nada de
mais, mas ele estará desrespeitando um documento que foi assinado. Então, ele
poderia colocar dia 11 ou dia 12 porque, no momento em que chegar a Porto
Alegre, ele assumirá a Prefeitura. É um conselho que dou à assessoria do
Prefeito, para que façam com mais simplicidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Sinto-me na obrigação de esclarecer a
V. Exa. que, neste caso, foi este Presidente que pecou por excesso. Eles
perguntaram se seria importante colocar o horário e, como o Prefeito Tarso
Genro fazia, eu entendi que sim. Sugeri que colocassem o horário, uma vez que o
Prefeito, chegando à Cidade e ainda estando fora daquele horário, ele poderia
esperar o momento para passar o cargo, e as coisas ficariam, vamos dizer,
algumas horas sem definição certa de
quem seria o Prefeito. Mas é uma discussão, e como V. Exa. é um Vereador
experiente, vamos comunicar ao Prefeito.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Nobre Presidente, eu não quero debater. Vamos que o Prefeito peça uma
viagem ao exterior ou a Brasília mesmo: de repente, todos os vôos são
interrompidos porque não têm teto. Já me aconteceu de estar em Brasília e só
poder voltar no dia seguinte porque todos os vôos, às 16h, tinham sido
cancelados. Se tiver horário, de repente ele está descobrindo e não é intenção
do Prefeito descobrir. Agora, no momento que ele retorna, como um Vereador, se
pedir licença por sessenta dias e, no segundo dia, resolver voltar, ele assume
prontamente.
O SR.
PRESIDENTE:
Será comunicado, e eu acho que facilitará para a Prefeitura e para o Sr.
Prefeito esse tipo de procedimento.
Em votação o PDL nº 01/97.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos às
COMUNICAÇÕES
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Eu quero colocar algumas questões acerca de
cobranças que foram feitas sobre os gastos de publicidade da administração
municipal de Porto Alegre com a campanha do IPTU. É correto e justo que os
Vereadores nos cobrem. Nós queremos colocar aqui clara e objetivamente o que
foi gasto, como foi gasto, e a importância que teve a campanha do IPTU, já que
nós temos é de que um grande contingente de contribuintes de Porto Alegre, mais
uma vez, pagou no mês de janeiro, integralmente, o seu imposto municipal. A
seleção da empresa de publicidade foi feita através de licitação. (Lê.)
"Dados sobre a
campanha
Seleção da
empresa de publicidade que realizará o serviço:
Licitação.
Recursos Investidos:
A empresa vencedora deste ano foi a Líbero Publicidade, com uma
proposta de R$ 331.418,37 ( trezentos e trinta e um mil, quatrocentos e dezoito
reais com trinta e sete centavos)
Objetivos:
Estimular a população a
pagar o IPTU em parcela única, com vistas a garantir recursos para agilizar as
obras do OP e o cumprimento do Plano de Investimentos. Valorizar o imposto,
como forma de exercício da cidadania.
Estratégia
geral:
A campanha publicitária que
tem o objetivo garantir o pagamento do IPTU, especialmente em parcela única, é
a maior campanha do Município. A Administração Popular, através da SMF e da
Coordenação de Comunicação Social, acreditam que este investimento se justifica
por ser ele um dos elementos decisivos para garantir a arrecadação para os
cofres públicos, fundamental aos investimentos municipais.
Estratégia de
inserções em mídia:
Uma das estratégias de mídia
utilizadas, além de todos os aspectos de conteúdo e linguagem, é a concentração
da campanha no último período. Ou seja, toda a mídia da campanha é concentrada
nas últimas duas semanas para pagamento do IPTU em parcela única, a fim de dar
a idéia de volume de campanha e garantir que o máximo de pessoas a assistam. Da
mesma forma, são selecionados horários
nobres e potencializadas ao máximo as inserções. Cabe ressaltar que as
inserções pagas restringem-se, ao contrário de inúmeras campanhas do IPTU
veiculadas no mesmo período por outros municípios, à região metropolitana de
Porto Alegre. Assim, abrimos mão de atingir grande parte de nossos
contribuintes, que se encontram no litoral, acreditando que tal abrangência não
compensaria os altos custos de veiculação de uma campanha em nível estadual.
Por outro lado, nossos
investimentos em mídia também são destinados aos jornais de bairro, cujo número
vem se proliferando pela cidade. Este ano, veiculamos anúncios da campanha em
14 jornais, com vistas a formentá-los e estimulá-los como forma de expressão
autônoma das diversas comunidades.
Número de
inserções:
TV ( janeiro +
fevereiro )
RBS 43 + 4
SBT 30 + 4
Band 42 + 4
Pampa 27 + 2
Guaíba 35 + 4
Rádio (
janeiro e fevereiro )
Gaúcha 213
Guaíba 183
Band 150
Farroupilha 111
Caíçara 92
Band FM 62
Gaúcha FM 88
Jornal (
janeiro + fevereiro + março )
ZH 5 + 1 + 1 ( 2 anúncios de
½ página e 3 anúncios de 3 colunas X 17,5 cm)
CP 5 + 1 + 1 (idem)
JC 5 + 1 + 1 (idem)
Jornais de Bairro 14 (1
anúncio de 3 colunas X 17,5 cm em cada jornal)."
Só lastimo que o Ver. Luiz
Braz, do PTB, não esteja presente, porque, inclusive, um dos jornais, dos quais
ele é o editor-chefe, também entrou na busca desse tipo de publicidade. Isto é
um demonstrativo da credibilidade dessa campanha.
Quero aproveitar a questão
da publicidade, depois das explicações que dei a respeito dos gastos que nós
realizamos, a Administração Popular em Porto Alegre, sobre os gastos do Governo
Antônio Britto em propaganda. Aí sim, Srs. Vereadores, os colegas vão ver o que
se gasta em propaganda e como se gasta.
(Lê.)
"A análise da execução
orçamentária do Estado no ano de 1996, do ponto de vista exclusivo dos gastos
com publicidade, nos permite esclarecer alguns aspectos que caracterizam o
governo Britto. Seu aparente sucesso junto à população é embalado, na verdade,
por grandes investimentos em propaganda. Se compararmos o que está destinado
nas dotações de publicidade no Orçamento votado na Assembléia para 96 com o que
foi efetivamente empenhado (gasto), até o dia 31 de dezembro de 1996, veremos
que o governo quase dobrou os recursos previstos para este fim.
Com este tipo de prática,
altos custos de propaganda, o governo atua em duas frentes. De um lado incide
sobre a opinião pública, influenciando a população através de uma imagem
falsamente bem sucedida de seu governo,
é a famosa "Usina de miragens". De outro lado, e não menos importante,
estes investimentos governamentais em propaganda se dirigem, em grande parte,
para o pagamento da inserção dessa propaganda nos meios de comunicação. São
milhões de reais que engordam a receita das redes de TV, rádio e jornais de
nosso estado. Isto garante ao Governo aliados estratégicos, muito gratos ao
Executivo por estes investimentos.
A tabela abaixo mostra a
comparação, de acordo com os dados do próprio Governo, entre as doações
originais, ou seja, o que o Legislativo autorizou que o Governo gastasse em
publicidade nas diversas secretarias, com o que foi empenhado, isto é, o que
foi efetivamente gasto. Devemos destacar ainda que uma parte significativa dos
gastos de propaganda do Governo não aparecem na execução orçamentária, pois são
realizados pelas empresas de economia mista e/ou estatais, que não aparecem no
orçamento do Estado. O acesso a seus números nos permitiria ver ainda melhor os
gastos do Governo. A tabela, no entanto, é suficientemente esclarecedora:
ÓRGÃO |
ORÇADO (R$) |
EMPENHADO
(R$) |
Governo
do Estado |
20.085,00 |
834.689,00 |
Secretaria da Cultura |
987.620,00 |
1.280.240,04 |
Secretariado Planejamento |
114.356,00 |
1.032.023,25 |
Secretaria da Fazenda |
2.079.200,00 |
5.144.932,85 |
Secretaria da Agricultura |
0 |
1.404.596,31 |
Secretaria
do Desenvolvimento |
1.039.600,00 |
405.407,76 |
Secretaria da Educação |
519.800,00 |
1.397.829,98 |
Secretaria da Saúde |
65.495,00 |
61.561,30 |
Secretaria de Obras |
0 |
144.230,23 |
Secretaria de Turismo |
4.948.496,00 |
5.473.809,51 |
Total Executivo |
9.765.652,00 |
17.179.321,05 |
Assembléia Legislativa |
1.763.272,00 |
2.479.135,71 |
Total geral |
11.528.924,00 |
19.658.456,76
|
Os números são
impressionantes, se consideramos apenas o Executivo, verificaremos que, no
total, o Governo gastou em propaganda 75,9% a mais do que estava previsto no
Orçamento. Foram R$ 8.129.532,76 a mais do que o Legislativo havia autorizado
para gastos com publicidade. Este aumento, obtido através de suplementações
orçamentárias, não é ilegal, mas demonstra
a necessidade do Governo Britto de passar por cima das decisões da
Assembléia e garantir vultosos investimentos em propaganda.
Apenas duas Secretarias
gastaram, em 96, menos do que estava previsto no Orçamento. Foram a da Saúde e
a do Desenvolvimento e Relações internacionais. As demais, via de regra tiveram
aumentos muito expressivos. Dois tipos de aumento se destacam: de um lado,
aquelas Secretarias que gastam um pouco mais do que o previsto, como a do
Turismo (que aumentou em apenas 10% seus gastos ) e a da Cultura (que aumentou
em 30%). Nas restantes se verificou um aumento que, no geral, mais que dobrou
os gastos.
O gabinete do governador,
por exemplo, aumentou em mais de 40 vezes os seus gastos com publicidade. A
Secretaria da Agricultura, que não tinha qualquer recurso previsto para
propaganda, gastou quase um milhão e
meio de reais. Nestas duas, especialmente, fica evidente o caráter político (e
não institucional ou informativo) da publicidade de Britto. No primeiro caso
foram as propagandas do "Estado de todos", voltadas para a promoção
pura e simples do governo nos momentos
em que se fragilizava politicamente. No segundo, o alto investimento se deu
quando da mobilização dos agricultores após a estiagem do início do ano
passado. O Executivo, ao invés de batalhar mais recursos para os agricultores,
buscou montar uma barragem de propaganda que tentava mostrar que alguma coisa
estava sendo feita.
Outro espaço importante de
investimento em propaganda foram os gastos da Assembléia Legislativa. Neste caso, o projeto político
de Britto se cruza com o do PPB e de José Otávio Germano. Altíssimos
investimentos foram feitos para propagandear "a modernização do
legislativo gaúcho", sua eficiência e resultados. Tudo isso para aumentar
o cacife político do então Presidente da Mesa, e viabilizar a aliança política
construída para as eleições de 94 e 98.
É evidente que os gastos em
propaganda não são a única explicação do relativo sucesso de Britto em
construir uma opinião favorável junto à população. Isto seria subestimar o
poder de articulação e a capacidade de gerar iniciativas políticas de alto
impacto, que o governo demonstrou ter de sobra. Não é apenas a propaganda, mas
também a capacidade de articular um bloco de forças sociais e políticas
poderosas e de neutralizar as iniciativas dos adversários, o que explica a
força do governo no campo da comunicação e da política.
Os dados porém nos apontam o
papel dos gastos em publicidade tanto do ponto de vista da costura das alianças
do governo Britto do ponto de vista estritamente político, quando do
relacionamento estabelecido pelo governo com os meios de comunicação e agências
de publicidade. A costura política é facilitada imensamente pelo poder de
alocar rapidamente recursos em propaganda. E esta propaganda, se não resolve de
forma definitiva os problemas políticos, serve muito para possibilitar a
criação de um clima mais favorável ao governo nos momentos mais difíceis.
"
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu tentei demonstrar com esses dados, com essas informações e a minha opinião pessoal, a diferença de
gastos entre o Governo de Porto Alegre
e o Governo do Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Presidência quer esclarecer, já que algumas pessoas estão nos perguntando,
que estamos fazendo, através do Diretor Geral, uma comunicação esclarecendo
sobre os feriados: segunda-feira não haverá expediente. Quarta-feira o
expediente será à tarde, quinta-feira haverá Comissão Representativa, por sinal
a última. No dia 17 de fevereiro, teremos a abertura do ano legislativo.
Nós estamos querendo
justificar aos Srs. Vereadores algumas ausências da Presidência na Mesa,
porque, como é um expediente muito pesado para ser encaminhado, estou pedindo
ao nosso 1º Secretário assumir.
Há quatro membros da Mesa em
Plenário, o que justifica que podemos nos afastar.
(Troca-se a Presidência.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Verª. Anamaria Negroni está com a palavra.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Dizia meu tio, quando eu era pequena,
que quem usa cuida. Na época, eu não entendia o significado daquela frase. Ele
disse isso quando se referiu a um senhor homicida, que matou sua esposa por
simples ciúmes, mero ciúme. Feitas acareações, verificou-se que ele era
inocente. Então, ele usou esta frase e eu fiquei sem entender. Isso ficou na
minha cabeça. Com o passar do tempo, eu comecei a entender o significado disso.
E faz-me lembrar agora, quando o nosso Ver. Adeli Sell falou tanto a respeito
do que o Governo do Estado tem gasto com propagandas em prol do Governo Britto,
que é exatamente por fazer igual ao Governo Britto, ou mais ainda, por ter
utilizado demasiadamente a máquina pública em prol da Administração Popular,
que está cuidando agora do que o Governo Britto tem feito.
Era o que eu tinha que
colocar como resposta ao que foi dito em relação a isso pelo nosso querido Ver.
Adeli Sell, a quem nós muito respeitamos. Se dependesse da Administração
Popular, que é legítima abusadora da máquina pública e
"hors-concours" como "personal marketing", seriam colocados
"outdoors" nos locais mais privilegiados, com a seguinte inscrição:
"É proibido chover em Porto Alegre”. Toda vez que chove em Porto Alegre,
temos um problema de caos no nosso trânsito, temos problemas de alagamento no
Centro de Porto Alegre, no Bairro Navegantes, na Zona Norte e Zona Sul, sem
falar das vilas. Quer dizer, temos um problema caótico e que precisa ser
resolvido. Eu acho que o nosso Prefeito Raul Pont deve estar de mal com São
Pedro, nós sabemos, não fecha muito com o pessoal lá de cima. Eles mandam, não
é? E, enquanto isso não ocorrer, quem sabe por isso tem vindo tanta chuva e nós
tivemos tantos problemas de alagamentos? Nós sabemos que o problema de Porto
Alegre com alagamentos é problema de infra-estrutura que é necessária para o
aperfeiçoamento do sistema de drenagem na nossa Capital.
A Srª. Maria
do Rosário: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) O meu aparte tem o
compromisso de não abusar do tempo que V. Exa. utiliza, e a boa relação
política dentro da Casa prevê que os Vereadores produzam o debate e
conceder-lhe-ei aparte também no meu tempo. Quero registrar em meu nome e, em
especial, no nome da Verª. Suplente Maristela Maffei, sobre a sua colocação
inicial - a comparação com a questão de uma mulher vítima de violência - que é
uma observação absolutamente de reforço da discriminação, onde alguém disse:
“quem usa cuida”. Eu quero dizer da minha indignação com tais palavras no
Plenário desta Casa porque, afinal de contas, nós somos signatários aqui dos
maiores sentimentos desta população e não os transformamos em nossas palavras. Peço que a Vereadora me explique, se sentir
condições para isso, se não teve essa intenção: não usamos as pessoas como
objeto. A gente usa objetos e não usa as pessoas e, não abusando do seu tempo -
eu tenho certeza de que V. Exa. tem questões muito importantes para colocar -,
peço que libere as notas taquigráficas para que eu conheça o conteúdo de sua
intervenção no sentido de que preservemos uma boa relação e os direitos das
mulheres que nós estamos aqui representando. “Quem usa cuida” é muito baixo.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: Sra. Vereadora, nós estamos aqui colocando uma outra situação e V.
Exa. veio distorcer totalmente o assunto. A distorção houve, e isso é,
inclusive, prática...
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esta Vereadora gostaria de ser
tratada pela norma regimental. Obrigada.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: Essas situações são para perdermos a capacidade de raciocínio. Uma
intervenção totalmente sem nexo.
Com relação a essa
intervenção sobre alagamentos, é inconcebível que Porto Alegre continue a
sofrer com os alagamentos provocados por qualquer pancada de chuva que caia
nesta Capital.
Colocamos, ainda, que é
necessária a construção da pista de eventos. Somos por isso. Estamos inclusive
trabalhando junto com o pessoal do carnaval. Estivemos com o nosso
Vice-Prefeito Fortunati esta semana, falando a respeito das reivindicações dos
carnavalescos e em especial sobre a pista de eventos.
Vemos em todos os jornais a
enorme fila em frente ao ginásio Tesourinha para a compra dos 7 mil e 500
ingressos, mais ou menos, que estão sendo colocados à venda. São mais de mil e
quinhentas pessoas que estão lá aguardando há quase 52 horas a abertura do
ginásio para a compra desses ingressos.
E eu acredito que já está mais do que na hora da construção dessa pista
de eventos, que não viria só em benefício desse segmento da sociedade. Existe
um problema sério das pessoas ficarem ali horas, noites ao relento, sob chuva e
calor forte, aguardando para comprar um ingresso para poder presenciar uma
festa cultural como essa que, não podemos negar, é muito bonita e muito
importante para o nosso povo porto-alegrense. Somos pela construção desta
pista, não só pelo povo porto-alegrense, mas também para paradas cívicas,
paradas tradicionalistas, “shows” diversos e, como o próprio Ver. Eliseu Sabino
defende, também para eventos da comunidade da igreja dele, Assembléia de Deus,
enfim, para "n" eventos.
Gostaríamos de colocar,
ainda, que somos favoráveis a esta Lei sancionada ontem pelo Presidente da
República, que é sobre a doação presumida dos órgãos e tecidos, enfim, de
partes do nosso corpo. Somos sensibilizados com relação a isso. Inclusive, há
alguns anos, fizemos o registro como doadora em potencial em caso de morte
cerebral da nossa pessoa. Então, temos que ser favoráveis a essa Lei, embora
cause tanta polêmica em diversos segmentos, como o jurídico e o médico, em
nosso País. Mas, em outro momento, talvez, possamos colocar mais a respeito
desse assunto. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Carlos Garcia.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada, mais precisamente no dia 3 de
fevereiro, saiu uma notícia nos meios de comunicações de Porto Alegre que diz
que o prédio antigo da Mesbla, hoje da Ulbra, seria interditado. Tivemos
oportunidade de presenciar a interdição e o que está sendo feito.
Achamos que o modo como foi
feita a interdição foi uma auto promoção talvez para a Secretaria Municipal de
Obras e Viação, que teve o cuidado de informar a imprensa que seria autuada a
Ulbra. No Jornal diz o seguinte: "A Prefeitura de Porto Alegre vai
interditar, pela manhã, numa ação coordenada pela Secretaria Municipal de Obras
e Viação, o antigo prédio da Mesbla. O imóvel será transformado em uma unidade
hospitalar, o que, pela legislação municipal, configuraria mudança de
finalidade. Por tratar-se de um prédio de conservação, esse tipo de modificação
só é permitido após a realização de um estudo de viabilidade, trabalho feito
pela Secretaria de Planejamento Municipal. Além disso, é necessário um parecer
do Patrimônio Histórico, órgão da Secretaria Municipal de Cultura”.
A questão de transformar em
unidade hospitalar é inverídica. Lá não será uma unidade hospitalar. São
consultórios com uma central de diagnósticos onde será implantado o plano de
saúde da Ulbra. A questão de descaracterizar a finalidade, a Mesbla tinha a
finalidade de comércio somente na loja, no primeiro andar. No segundo, nos
demais pavimentos, haveria consultórios médicos. Nos anos 1974 e 1975, eu tive
a oportunidade de trabalhar naquele local onde era a 1ª Delegacia de Educação.
Então, as características do prédio não era somente de comércio, mas a
Secretaria Municipal de Obras e Viação, de maneira bombástica e circense, resolveu
interditá-lo. Além disso, tivemos acesso à ação de embargo em que o próprio
oficial disse que estava embargando a obra, só que não havia mais obra. É
difícil embargar algo que não existe mais.
É importante ressaltar o que
está sendo feito lá. Seria interessante que os colegas Vereadores visitassem
aquela obra que está sendo feita, já concluída, neste momento, nos oitavos e
nono andares. Trinta e três consultórios darão atendimento para, aproximadamente,
mil pessoas por dia. Constatamos, pessoalmente, que o prédio, em momento algum,
foi descaracterizado, inclusive a própria direção da ULBRA nos informou que
eles importaram uma resina - já que aquela obra tem mais de cinqüenta anos - da
Alemanha, para cuidar dos tijolos que vieram, na época, da Inglaterra. Essa
preocupação eles estão tendo quanto à questão da arquitetura da obra, em seu
aspecto externo. Internamente foram feitas várias remodelações, mas no sentido
de agilizar o processo de atendimentos futuros. A questão do patrimônio
histórico foi, em todos os momentos, cuidada, até porque, segundo informações,
não havia plantas naquele prédio. Então a ULBRA elaborou, para todo edifício, o
Projeto nº 254969/7, e mais um Projeto de prevenção de acidente nº 278807/1,
que foi protocolado em 21.11.96.
Enfatizamos que não havia nada que comprovasse que existia, naquele local, por
incrível que pareça, um prédio que existia há mais de cinqüenta anos. É
proposta da ULBRA que no térreo, futuramente, aquele local sirva de espaço
cultural para exposições permanentes ao longo do ano. Próximo desse local, a
ULBRA adquiriu uma área de dezessete mil metros quadrados, onde estão sendo
construídas seiscentas garagens. Não sou, em nenhum momento, defensor da ULBRA,
mas, já que a questão da saúde me preocupa, fui visitar e saber o porquê disso.
Gostaríamos que o Secretário de Obras e Viação e o próprio Secretário da Saúde
vistoriassem o local e alterassem, porque não vemos sentido dessa ação de
embargo por parte da Prefeitura. Ao mesmo tempo, gostaríamos de aproveitar esta
presteza que a Secretaria teve em autuar e o dia de hoje, em que o Presidente
da República está lançando uma campanha contra a exploração sexual da criança
que diz: "A partir de hoje todo turista que entrar no Brasil receberá,
junto com seu passaporte, um aviso - Abusar sexualmente de crianças é crime -.
", e além disso ainda diz: "Turismo sexual, cuidado, o Brasil está de
olho". A comparação que faço entre Mesbla e Turismo sexual é porque em
volta do prédio da Mesbla existem casas de prostituição e sabemos que existe a
exploração sexual de menores e nada é feito. Então solicitamos que as
autoridades fiscalizem e cobrem. As pessoas saem da Rodoviária e se deslocam
para aquele local. Gostaríamos, então, de fazer esses dois registros, a questão
dos consultórios da ULBRA e a questão da exploração sexual das crianças.
Pedimos que as autoridades, com a mesma presteza que tiveram ao fazer a ação de embargo, façam essas
verificações. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): O próximo orador inscrito é o Ver. Clovis
Ilgenfritz. Ausente. O Ver. Eliseu Sabino. Desiste. O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu não ia usar o meu tempo regimental, até porque
entendo que a nossa preocupação maior é falar de Porto Alegre. Eu ouvi
atentamente o Ver. Adeli Sell, num brilhante pronunciamento, e V. Exa. mostrava
uma preocupação: inteligentemente falava, comparativamente, da verba
publicitária do Município e do Estado. Em todo o seu tempo ele só se reportou à
verba do Estado, dizendo que o Executivo teria aumentado o valor da verba
orçamentária em mais de 8 milhões de reais. Não se falava aqui, e não se
comparava com o Município, ele simplesmente mostrava o que o Estado gastou, e
até mostrava um certo desconhecimento, quando dizia que o Gabinete do
Governador gastava 40 vezes mais a verba que estava inicialmente orçada para o
Gabinete. Aí, o Ver. Adeli Sell mostrou o desconhecimento quando se sabe que
não existe mais a Secretaria de Comunicações, que foi redirecionada para o
Gabinete do Governador toda aquela verba que antes era destinada à Secretaria
de Comunicações, através do Secretário Luiz Fernando Moraes. E, se era a
Secretaria de Comunicações o órgão do Governo
do Estado cuja função principal e única, quase, era o controle das
verbas publicitárias e, agora, está acoplada ao Gabinete do Governador,
evidentemente que o Gabinete do Governador tem que gastar 40 vezes mais.
Eu acho que a discussão - e
é importante a discussão - deixa parecer que Porto Alegre não tem problema;
parece que nós estamos vivendo numa época onde, em Porto Alegre, não acontece nada que faça com que os Vereadores
venham a esta tribuna discutir os problemas de Porto Alegre. Eu sempre repito:
eu queria ser Deputado Estadual, mas eu sou Vereador de Porto Alegre! Eu queria
estar discutindo, Ver. Adeli Sell, quem sabe, a verba publicitária do Governo
do Estado, mas o povo não quis, o povo quis que o Ver. Fernando Záchia fosse
Vereador de Porto Alegre e estivesse, aqui, discutindo a verba do Município de
Porto Alegre e estivesse, aqui, discutindo os problemas do Município de Porto
Alegre. Eu não sou daqueles que entendem que a gente não deva falar dos
assuntos do Estado, e que como não se deva falar dos assuntos da Nação.
Evidentemente que sim. Mas a estratégia de V. Exa. - e eu o cumprimento, porque
V.Exa. é inteligente - os seus pronunciamentos têm se pautado sempre por coisas
que não são do Município. Um dia se fala de reeleição, era o assunto da moda. Outro
dia se fala da CEEE, que é um assunto importante. Outro dia fala-se da verba
publicitária do Estado, que é importante, mas eu ainda não ouvi, e estou atento
e desejoso de ouvir, V.Exa. falar de Porto Alegre. Nós vamos aguardar com
grande ansiedade! Eu já ouvi um pronunciamento de V.Exa., que eu achei oportuno
e inteligente, quando mostrava, aqui, a preocupação pelo turismo em Porto
Alegre. Isto é importante, nós temos que discutir, nós temos que analisar os
problemas de Porto Alegre, como não podemos ignorar os problemas do Estado.
A Verª. Anamaria Negroni e o
Ver. Carlos Garcia vieram, com muita propriedade, e falaram das coisas da
Cidade de Porto Alegre. A Verª. Anamaria falava sobre um problema que não é
único desta Administração, é um problema histórico de Porto Alegre, que são os alagamentos. O Ver Carlos Garcia falava
de um assunto que tem muito a ver com Porto Alegre, que é a exploração sexual
na infância e o problema da ULBRA, que atinge diretamente a saúde pública do
Município de Porto Alegre. Eu não vou querer ensinar absolutamente nada a
ninguém, mas isso são coisas de Porto Alegre e faz com que seja necessário
discutir sobre esses fatos. E as questões publicitárias, respeitando a
inteligência de V.Exa. e o cuidado do trabalho meticuloso, à primeira vista vi
que os dados não fechavam em relação ao Gabinete do Governador. Eu vou
solicitar, através do meu Partido, o PMDB, que faça uma análise dessas
informações. Se as informações de
V.Exa. estiveram corretas, não tenha dúvida alguma que serei o primeiro a
endossar as críticas feitas por V.Exa. que daí, sim, serão justas e legítimas.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a respeito da solicitação do nosso nobre Ver.
Fernando Záchia, que quer estabelecer, agora, a norma de que Vereador de Porto
Alegre tem que se restringir absolutamente a assuntos Municipais, essa é uma
lógica relativamente perversa na medida em que, se formos tratar os problemas
levantados sobre a saúde pública, que está em agonia em nosso País, eu gostaria de saber a fórmula de falar em
saúde pública em Porto Alegre sem tratar da questão do SUS, das políticas federais para a saúde, sem tratar do descaso
do Governo Estadual para com a saúde. Os postos de saúde do Estado, em Porto
Alegre, dão um atestado lastimável de descaso público que acabam concentrando
todas as solicitações nos postos de saúde do município e HPS, que agora,
municipalizados, começam a demonstrar outra face, uma outra possibilidade de
atendimento à saúde no nosso Estado, ou seja, é importante falar de saúde,
falar em Governo Federal, Estadual, e, com isso, demonstrar a natureza
radicalmente diversa entre uma prática, a do Governo Municipal, das forças
políticas que o sustentam, e a prática do Governo Estadual e das forças
políticas que o sustentam em relação à saúde pública. É possível fazer de forma
diferente isso? Ou a nobre Verª. Anamaria Negroni e o Ver. Fernando Záchia não
fazem parte de partidos, não são membros representantes, dirigentes de partidos
com presença nacional no cenário público? Claro que são. Portanto, aqui não tem
alma que não tenha responsabilidade sobre as questões de caráter nacional e as
questões que os seus partidos, os seus governadores, os seus prefeitos e o seu
presidente fazem.
Nós teremos que continuar,
enquanto Bancada do PT, que não tem nenhum problema em responder sobre as suas posturas em São
Paulo, em Belo Horizonte, ou em qualquer lugar do País - e aqui somos cobrados
insistentemente em relação a isso. Não teremos nenhum problema. Ao contrário,
temos a responsabilidade de estabelecer relações entre a prática de um governo
e mostrar que é possível atender, com mais responsabilidade, a saúde pública,
assim como é possível tratar as verbas de publicidade - como muito bem colocou
o Ver. Adeli Sell em nome da nossa Bancada - de uma maneira pública para
estímulo público e não para uma simples propaganda particular, pessoal e
personalista como o que estamos vendo agora.
O governo Britto conseguiu a
façanha de sair de uma eleição derrotada. As eleições municipais o Partido
dos Trabalhadores ganhou na Capital do
Estado, ganhou na segunda maior cidade
do Estado, Caxias do Sul, disputou a cada passo Pelotas com outro partido que
não é da coligação do governo e ele saiu como o grande vitorioso das eleições,
ou seja, há um processo de manipulação da opinião pública, claro, e a nossa
responsabilidade aqui é desfazê-lo e isso ninguém vai querer nos impedir,
ninguém vai querer diminuir essa nossa prerrogativa.
Não é proibido chover em
Porto Alegre. É melhor que chova em Porto Alegre a chover em cidades governadas
por outros partidos, nobre Vereadora, porque em Porto Alegre ainda não morreu
ninguém por desabamentos em áreas de risco. Ainda e felizmente. Agora, em
cidades como São Paulo, governada pelo seu Partido, nobre Vereadora, e em
cidades como o Rio de Janeiro, como Salvador, dezenas de pessoas têm sido
vitimadas por descaso público com a ocupação do solo urbano na cidade. Em Porto
Alegre há 18 Km de redes de drenagem e é a cidade que mais gasta em saneamento
público, em drenagem urbana. Esses dados nós podemos discutir. Solicito à nobre
Vereadora que pegue os dados de qualquer município que o seu partido governa e
vamos discutir quem investe mais em saneamento. Nós ainda temos apenas 8 anos
de governo em Porto Alegre. Não podemos, em 8 anos, recuperar aquilo que - com
exceções, talvez a do ex-Prefeito, agora Vereador, tenha sido uma das exceções
em investimento na área de saneamento - não foi feito.
A Srª.
Anamaria Negroni: V. Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) São 8 anos de
Administração. Então, fica difícil entender como isso ainda ocorre e continua
ocorrendo exatamente igual em Porto Alegre. Vocês, da Frente Popular, sempre
têm a intenção de desviar a atenção do povo porto-alegrense para outros
assuntos, sejam eles do Governo Federal ou Governo Estadual, e nunca falar do
Governo Municipal.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Agradeço
seu aparte. Discordo mas respeito a ânsia de não falar do Governo do Estado já
que fica difícil jogar pedra em telhado tão frágil.
Hoje o nosso País está
passando por um momento simbólico.
Temos como Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, um social
democrata, progressista, e temos como Presidente do Senado Antonio Carlos
Magalhães com os votos da coligação situacionista e temos como Presidente da
Câmara o seu filho, Eduardo Magalhães. A dupla ACM virou representante da
modernidade política brasileira do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Talvez por
isso haja tanto temor em falar nas
questões nacionais desta tribuna, pois há de se explicar que Antonio Carlos
Magalhães é a representação da modernidade que o Sr. Fernando Henrique Cardoso
promete. É uma coisa impressionante. É um amplo desrespeito aos partidos
políticos com a não-personalização vista no último período da política
nacional. Mais de uma medida provisória por dia, interferência direta do Poder
Legislativo, quando só faltou o próprio Presidente da República nomear o
Presidente da Câmara e toda a Mesa da Câmara e do Senado. O Presidente fez
campanha aberta, um desrespeito jamais visto na história republicana em relação
ao Poder Legislativo. Não faz debate público sobre as teses "por que
reeleição" e muitas outras. Prefere o conciliário das maracutaias e trocas
de favores em vez de fazer o debate público e defender as suas teses. A voz
rouca das urnas serviu para encher as burras de dinheiro público para
interesses nem tão públicos assim. A romaria de Deputados Federais, de governadores
às vésperas da emenda da reeleição, foi um absurdo, e a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre tem que fazer esse registro, já que aqui essa prática foi banida e
a população de Porto Alegre tem demonstrado, repetidamente, que quer que
continue assim.
Fala-se em reformas e
modernidade. No entanto, a maioria dos votos que deu a reeleição a Fernando
Henrique Cardoso significa a minoria da população brasileira, porque 60% dos
votos, mais da metade portanto, vieram dos setores onde a política tradicional e
oligárquica ainda é que manda. E ninguém fala em criar a instituição
republicana por excelência, que é a
cada cidadão um voto: mantém-se um sistema eleitoral no País que
superprivilegiada a ação dos estados menores, ou seja, se nós formos ver os
Deputados que votaram contra a emenda da reeleição, somar o número de votos
pessoais e seus partidos, a maioria é contra, ou seja, mais uma vez está-se
falando em nome da população para propostas impopulares e que não têm a maioria
dos votos. Concluo dizendo que o PT fez mais votos nacionais do que o PFL, e
tem uma Bancada que é um pouco mais do que a metade dele. Expressão da
disposição eleitoral, que garante a manutenção de propostas antipopulares
em nome de uma suposta maioria. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ouvi atentamente o Ver. Gerson Almeida e não pedi
aparte para não interrompê-lo, mas o Ver. Gerson Almeida, além de alguns
momentos infelizes, foi injusto. Porque este Vereador disse que a preocupação e
a principal função nossa é que discutamos as coisas de Porto Alegre, mas não
somente. E dizia até que na visão deste Vereador era uma estratégia do Ver.
Adeli Sell. Mas sempre digo que assuntos importantes, diferentemente do Ver.
José Valdir - que somente quando lhe interessa -, tenho uma conduta de 4 anos e
aqui critiquei diversas vezes o Gov. Antonio Britto. Por ser do PMDB eu não vou
concordar com todas as ações do PMDB. V.Exa., talvez por liderar uma Bancada
maior, é sempre obrigado a concordar com as ações do seu partido, e V.Exa. bem
sabe que não existem acertos em todas as ações. Ver. Gerson Almeida, quando eu
tiver que criticar vou criticar o meu partido, e o governo, ao qual meu partido
pertence, na questão estadual ou federal. Só que entendo que a nossa função
principal é falarmos e discutirmos coisas de Porto Alegre. Não nos interessa
saber quem errou, de quem é a culpa. Quando falamos de alagamentos, não estamos
dizendo que é questão de oito anos para cá com a Administração Popular: pode
ser de 20, 30 anos. O que interessa à população é que a administração que hoje
está no governo faça algo para minimizar um problema tão antigo. Essa é a
função do Vereador, parece-me. Não quero, jamais vou querer, ensinar alguém ,
até porque aqui aprendo bastante com V.Exas. Entendo que a nossa função e a
nossa responsabilidade é discutirmos, é trabalharmos por Porto Alegre, nunca
desviando a atenção, nunca deixando de lado as questões nacionais e regionais.
O seu Partido desafiava a
Verª. Anamaria Negroni para que dissesse qual outra cidade que investiu mais em
saneamento básico. É um dado importante, mas isso passa a ser secundário,
porque não houve aqui o objetivo de crítica específica a um partido, mas à ação
de alguns parlamentares, de não estarem preocupados prioritariamente com as
questões de Porto Alegre. Não que com isso queira encobrir uma ação, alguma
irregularidade do Executivo. Aí sim
seria função dos Vereadores da oposição denunciar essas irregularidades ou essa
falta de um ação mais objetiva.
Temos é que discutir as
coisas da Cidade, não deixando passar, evidentemente, as questões nacionais
interessantes.
O Sr. Antonio Carlos
Magalhães, como Presidente do Senado, acho um tremendo retrocesso, um absurdo,
até. Se estivesse lá jamais votaria nisso. Agora, o filho não tem culpa de ter
o pai, que é Presidente do Senado, de ser Presidente da Câmara. São do mesmo
partido, mas não posso querer culpar uma pessoa porque tem uma história de seu
pai que não é boa para o País.
Esta Casa já foi presidida
por Vereadores que não tinham absolutamente nada a ver com o Prefeito que
estava em exercício. Isso é da democracia. Às vezes não nos agrada. Se eu ou
V.Exas. estivéssemos lá talvez não votássemos neles. Mas temos que respeitar a
vontade da maioria, mesmo que não nos agrade, às vezes. Eu teria enorme dificuldade, hoje, se fosse Deputado Federal, de votar para
Presidente da Câmara. Teria uma enorme dificuldade. Votaria em alguém, mas, com
essas três alternativas, eu votaria com um tremendo constrangimento. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Ontem faleceu o jornalista Paulo
Francis e vemos hoje nos jornais, e ontem na rede de comunicações, elogios e
mais elogios a esse jornalista. Eu não o elogio. Para registrar minha posição
contra um homem preconceituoso, agressivo, quero citar uma parte da coluna do
jornalista Paulo Sant’Ana, do jornal “Zero Hora” de 05.02.97. Parabéns ao
jornalista Paulo Sant'Ana. Gostaria de assinar junto essa parte da sua coluna.
(Lê.)
"Não conheci
pessoalmente o Paulo Francis, mas desejo-lhe repouso eterno. Entendo que sua
cultura e intelecto engrandeceram a imprensa brasileira.
No entanto, seu método de
busca do sucesso pela agressão era para mim repugnante. Algumas de suas idéias
e sentimentos foram torpes. Vou dar um exemplo de até onde podia chegar o seu
destempero. Um dia do ano passado ou retrasado ele abriu assim sua página:
"Eu cobiço para este Vicentinho da CUT dar-lhe uma chibatada no rosto e
ver o seu esgar de escravo". Nunca mais vou esquecer esse seu pensamento
racista e de uma violência singular.
Ele era racista, me disse
ainda na semana passada um de seus melhores amigos. É impossível perdoar um
racista. Ou melhor, só o arrependimento público pode perdoar um racista. Ou a
morte. Portanto, ele fica perdoado. Mas não se esquecem jamais os atos que
acabam perdoados."
A Verª. Anamaria Negroni
repetidas vezes têm dito que o PT abusou da máquina pública na eleição. Nem a
candidata Yeda Crusius conseguiu provar isso, nem teve coragem de dizer isso.
Então, convido V.Exa. para, quando falar novamente sobre isso, dar um dado
concreto, uma prova, para que não fique só nas questões subjetivas.
Com relação à chuva em Porto
Alegre, o alagamento em alguns pontos, sim, a Cidade alaga em alguns pontos,
vai continuar alagando, isso não tem dúvida. Mas também convido a Vereadora - e
faço de forma semelhante ao que fiz em janeiro do ano passado, 1996, quando o Ver. Reginaldo Pujol disse
que o DMAE tinha perdido o controle do abastecimento de água em Porto Alegre,
algumas faltas d'água, causadas principalmente pela falta de energia - convido
para que nós juntos, Verª. Anamaria, façamos, quando quiser, um levantamento no DEP, dos quatro últimos
governos, para vermos o investimento em drenagem urbana na Cidade. Com relação
ao discurso do Ver. Carlos Garcia, eu acho que a SMOV agiu muito bem, pois esta
Cidade tem um governo, tem lei e não é a ULBRA, por maior ou menor que seja,
que vai fazer uma obra sem autorização
da Secretaria correspondente. Os jornais disseram que os dirigentes da ULBRA
reconheceram e iriam adaptar-se às exigências da Secretaria de Obras. A obra
foi interditada de forma correta.
O Sr. Carlos
Garcia: V.Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, a ULBRA, segundo me
informaram, ontem, elaborou o projeto, que não existia, pois não tinha nem
dados sobre aquele prédio.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Isto é chamado de plantas originais.
O Sr. Carlos
Garcia: O
que eu questiono é por que a Prefeitura não embargou a obra na sua origem. Só
depois de ela pronta é que tomou essa atitude.
Quando a ULBRA comprou o
prédio, foi divulgado pela imprensa o que seria feito lá. Eu acho que cometi
uma falha em não falar com o Secretário Municipal de Obras, mas ainda pretendo
fazê-lo, pois a idéia é inaugurar esta obra, que já foi concluída, no dia 17 de
fevereiro.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Posso até concordar com V.Exa. na questão de que teria sido melhor a
intervenção no início da obra, mas é preciso dizer que não ter sido interditada
antes não corrige a falha da ULBRA e não significa que não deva intervir
depois. Em qualquer momento, se houver irregularidade, tem que intervir.
Um outro assunto que tenho
abordado e sempre trago dados concretos para a discussão, porque não gosto de
jogar conversa fora, diz respeito à questão das privatizações. Sempre os
defensores da privatização escondem a informação de que as privatizações irão
aumentar tarifas, tanto da energia quando da telefonia. No dia 1º de fevereiro,
o jornalista Armando Burd traz o seguinte texto: "Aumento. Os serviços
telefônicos na Argentina, já privatizados, tiveram ontem aumento entre 41% e
57%. Estão abolidos os impostos livres e,
a partir de agora, todas as chamadas locais serão pagas". Já havia
um aumento anterior. Os defensores da privatização, os defensores da venda da
CRT, do consórcio que comprou 35% das ações e que terão 50% na diretoria, o que
dizem sobre isso? O que dirão também deste texto do "Correio do
Povo", do dia 31 de janeiro, última sexta-feira, que diz: "Aumento de
tarifas de energia estudado. Apesar do Governo negar..." - é sempre assim,
escondido, não é verdade? E, de repente, aparece - "as companhias
energéticas confirmam a existência de estudos para permitir ajuste nas tarifas
de energia elétrica entre fevereiro e março". E mais adiante, de forma
corajosa, inclusive, o Secretário de São Paulo diz: "O Presidente da
Companhia Energética de São Paulo, -
CESP - Andrea Matarazzo e o Presidente da Eletropaulo, Eduardo Benini,
consideram importante uma insonomia das estatais que serão privatizadas, na
questão da tarifa, com as que já sofreram privatizações”. E essas que já
sofreram privatização, Exelsor, que era do Governo Federal, no Espírito Santo e
mais duas, a Ligh e a CERJ, do Rio de Janeiro, já receberam reajuste além do
que as outras já receberam. Portanto aquelas que vão ser privatizadas já estão
preparando campinho para que a iniciativa privada chegue às empresas com a
tarifa excelente. Vou repetir o que já disse duas vezes aqui: hoje a CEEE tem a
tarifa mais alta de toda sua história, agora que o Governo Estadual está se
preparando para privatizá-la. Está preparando outro reajuste para entregar esse
filé à iniciativa privada. Com a tarifa dessa ordem, o serviço público também
vai ser investidor, e eficiente. As dificuldades todas foram exatamente por ter
uma tarifa achatada durante anos.
A Srª.
Anamaria Negroni: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V.Exa., quando se
referia aos Estados que estão privatizando, passou por Espírito Santo e não
chegou a terminar, foi adiante na leitura. Obviamente que Espírito Santo não é
governado pelo seu Partido, não é? Então aqui também estão privatizando, como
também em Brasília. Eles estão fazendo um bem, estão fazendo o que realmente
deve ser feito, porque nós temos que cumprir a Lei Camata. De alguma forma nós temos
que resolver isso e é exatamente por isso que tem que conseguir as
privatizações. Só queria lembrar isso a V.Exa. Muito obrigada.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: V.Exa. cometeu dois erros nesse seu aparte: a Empresa Excelsor, do
Espírito Santo, é empresa do Governo Federal, e não me lembro de nenhuma
privatização que tenha sido feita no Distrito Federal. Então V. Exa. cometeu
dois erros num rápido aparte. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, como é bom viver. Viver e aprender. Hoje, por
exemplo, aprendi com o eminente Líder Gerson Almeida que só um dia tem muita
importância. Ele está todo satisfeito e feliz, porque o Antônio Carlos
Magalhães está na Presidência do Senado, e, por mais algumas horas, o seu filho
continua Presidente da Câmara Federal: um dia só! Isso é importante. Um dia só,
foi o que aconteceu aqui com os Vereadores Lauro Hagemann e Cyro Martini, assumiram
só um dia depois. E o Ver. Gerson Almeida quer que morra alguém em Porto
Alegre. Vou registrar: ainda não morreu, como quem diz: "há de
morrer".
Em matéria de publicidade, o
que a administração passada fez para a candidatura Raul Pont foi notável.
Gastou todo o dinheiro da publicidade em 6 meses, porque sabia que no segundo
semestre não podia gastar mais nada. Essa história do duodécimo é brincadeira!
Eu já vi fazer edital com propaganda e já estou cansado de ver edital de
propaganda da administração para pular: pular de raiva, por esse tipo de coisa.
Mas foi tão séria a aplicação dos gastos publicitários que no segundo semestre
tiveram que pedir suplementação de verbas. E tão mais sério que publicaram no
Diário Oficial a Lei sem ter a redação aprovada. Vejam como havia pressa.
Eu ouvi, aqui, falar na
ULBRA. Acho que a SMOV fez uma barbaridade com a ULBRA, porque eu não admito
dois tratamentos desiguais para casos iguais, e até um pouco diferentes quando
o primeiro é mais sério. Em julho de 1993, vim a esta tribuna, alertei a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e recebi um conforto de parte do Prefeito
dizendo que eu devia continuar pressionando, porque na Nova York com 24 de
Outubro estava sendo construída uma obra absolutamente ilegal, à vista de todos
os olhos e, especialmente deste Vereador, que lá passava quatro vezes por dia.
Fotografei, mandei para o Prefeito, fiz Pedido de Informações e a SMOV me
respondia que era dentro da Lei 138/86. Só que aquela Lei tinha validade por 60
dias. Reiterei o Pedido de Informações, e foi me dito que estava tudo certo,
tudo legal e regimental. Mas não estava certo. Eu sou teimoso e fiz o terceiro
Pedido de Informações; mentia-me a SMOV e obrigava o Prefeito a mentir-me
também, que as obras haviam sido vistoriadas, estava tudo certo e, por isso,
eles podiam fazer. A mentira era tão grande, que no terceiro Pedido de
Informações eu pedi uma planta e me mandaram. Aí eu vi que estava, realmente,
tudo muito sério, nada igual a ULBRA. A ULBRA está fazendo reformas no prédio,
internamente, para que o prédio se preserve para a história de Porto Alegre, e
estava tratando de saúde. Agora, aqueles lá estavam tratando não sei do quê, e
construíram em área da Prefeitura, área do povo de Porto Alegre. Os passeios
são uso de bem-comum do povo. E lá se permitiu que se fizesse obra depois de
vistoriado no dia 08 de fevereiro de 1993. Vai fazer quatro anos nesta mesma
semana. Depois de vistoriado, no dia 10 de setembro de 1993, depois de eu ter
reclamado neste Plenário, depois de eu ter falado com o Secretário de Obras,
depois de eu ter falado com a fiscalização, eles permitiram uma obra irregular.
Não era igual ao da ULBRA, é claro. A ULBRA está preservando um prédio que tem
interesse social, cultural e artístico para a Prefeitura e para a cidade de
Porto Alegre. Agora, então, faz-se toda a trama publicitária. Imagine se eu
tivesse feito uma coisa dessa quando fui Secretário de Obras ou quando fui
Prefeito. A Câmara faria um carnaval em cima de mim; faria o PT, por seu único
Vereador, à época, um carnaval em cima de min. Mas eu não o fiz. Eu gostaria de
tratamento igual para a ULBRA, que não fez nada de mais, alterou a área
interna, isso não tem problema. De repente a Prefeitura deu para fazer coisas
diferentes. Eu tenho uma pessoa amiga que tem um prédio, um apartamento, há
vinte e cinco anos. Agora a Prefeitura foi lá dizer que foi irregular a
construção de uma parede na garagem. Mas quando essa pessoa comprou, há vinte e
cinco anos, lá estava! E, como não tinha importância - não tem mesmo, não está
prejudicando ninguém - ficou. Mas o DEP está muito bem obrigado, porque tem um
excelente diretor, tem um excelente assistente, que é o engenheiro Todeschini.
Eles conhecem muito bem o problema, mas parece que alguns aqui desconhecem por
que o DEP faz tanto. Alguém se deu conta quanto é que arrecada a Prefeitura de
Porto Alegre com o esgoto cloacal lançado diretamente no pluvial, e que esse
dinheiro, em lei aprovada pela Câmara, deveria ser usado para estações de
tratamento? Onde estão as estações de tratamento? Não aquela de Belém Novo,
aquela eu não quero. Aquela foi continuidade de uma obra que iniciei quando
Prefeito, com 3 Km na praia de Ipanema que durante o período Olívio Dutra, por
quase todo o período, ficou parada, e no final, o Prefeito Tarso Genro
completou as obras, mas era com recurso do DMAE. Mas esses 80% da tarifa d'água
que foi aumentada agora em 0,8%, além da inflação, esses 80% do esgoto cloacal
são entregues para que a Prefeitura possa realizar obras de saneamento e, por
mais que meu amigo Vicente Rauber
conheça o DEP, por mais que o Engº. Todeschini conheça o DEP, o DEP está mal.
Ontem, eu lia que ele iria fazer uma campanha junto à comunidade para que a
comunidade se preocupe com a limpeza dos bueiros, mas eu havia lido e fiquei
profundamente triste porque o DEP desconhecia os pontos de alagamento desta
Cidade. Nesta Cidade já choveu mais no mês de janeiro, e nos primeiros dias de
fevereiro não deu todos esses alagamentos, porque lá em 1984 tinha uma
campanha: "Menos lixo nos bueiros, menos alagamentos”. Mas o DEP conhecia
e saía, quando ameaçava chuva, com seus caminhões, com o seu pessoal para
desobstruir bueiros, que eram sempre e permanentemente problemáticos.
O Sr. Gerson
Almeida:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, gostaria
que V.Exa. corrigisse no alto da sua seriedade a primeira afirmação sua de que
eu estaria esperando que morresse alguém em Porto Alegre. Ao contrário, eu
estou lhe dizendo que a eficácia e determinação pública têm feito com que
crises como essa tenham sido menos freqüentes em Porto Alegre. Então, gostaria
que V.Exa. não derivasse daí um desejo...
O SR. JOÃO
DIB: Sou
grato pelo aparte de V.Exa. e é claro que eu me baseei na frase pronunciada por
V.Exa. "Ainda não morreu. " Quando digo ainda não morreu não é porque
eu queria que morra ou espere que morra ou pense que vai morrer, mas se V.Exa.,
e eu sei que tem coração muito bom, não quer que morra ninguém, nós todos, os
33 Vereadores também não queremos.
Mas quero dizer que o DEP
pode fazer muito mais e agora tem muito mais recursos, que nunca teve, porque
esta Câmara lhe concedeu. Nunca a Cidade de Porto Alegre pôde dar ao DEP os
recursos que ele precisava, mas é bom que se diga que as administrações
anteriores fizeram obras da mais alta relevância, inclusive o projeto para o
esgoto pluvial em Porto Alegre. Comparar esgoto cloacal por metro não tem
sentido. Pensando nos emissários que foram
feitos em São João-Navegantes, com um metro e pouco de diâmetro, não
posso comparar com manilha de 20 cm. Sou grato, Sr. Presidente. Saúde e paz
para todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Valdir está com a palavra.
O SR. JOSÉ
VALDIR: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu não pretendia falar na manhã de hoje, mas
alguns assuntos suscitados aqui me
fizeram vir a esta tribuna. Um deles é
o papel do Vereador. Não defendo que nós, Vereadores, tenhamos que ser uma
espécie de deputados municipais e tratar de todos os temas menos os temas do
município - concordo com o Ver. Fernando Záchia quando ele diz que o nosso tema
precípuo é o Município -, como também não concordo com aquela visão do Vereador
despachante, que trata da miudagem, que fica apenas na conseqüência dos
problemas sem aprofundar a sua discussão.
Nesta Casa tem que haver um profundo debate dos problemas municipais, e,
para aprofundar o debate municipal, nós temos que tratar das questões
estaduais, nacionais e mundiais. Digo isso com toda a tranqüilidade porque não
considero que isso signifique fugir da responsabilidade ou, como alguns
insinuam, trair o eleitor que elegeu o Vereador para tratar das questões
municipais, e os Vereadores estão tratando de outras questões.
Por que eu digo que essa
preocupação não deve ser colocada? Porque nós, especialmente os do Partido dos
Trabalhadores, quando disputamos as eleições, sempre debatemos, na campanha
política, um projeto político. Portanto, o eleitor que votou no PT para esta
Câmara, que elegeu os 14 Vereadores,
ele espera que, aqui na Câmara Municipal, debatamos um projeto político a
partir, é claro, de um enfoque municipal, mas um projeto político que se
estende em nível estadual e nacional. Aí sim temos que fazer comparações.
O problema é que muitos
partidos, na campanha, fugiram o tempo todo do debate político e tentaram
apenas debater as questões do Município. Por que fugiram? Porque havia questões
muito complicadas a serem debatidas. Quando levantamos questões da maior importância,
como a questão da privatização, das eleições, como é possível que um vereador,
de qualquer município deste País, neste momento, não discuta questões com
privatizações, as eleições? Essa emenda absurda da reeleição, como não
discuti-la? Isso está diretamente relacionado com os eleitores, com habitantes,
com cidadãos da cidade que representamos.
Mas, quando levantamos estas
questões, muitos Vereadores, por estratégia política, a mesma utilizada na
campanha, vêm com esse discurso: "Estão desviando a atenção porque não
querem discutir as questões municipais”.
Nós, do Partido dos
Trabalhadores, na campanha já fizemos isso, queremos sim aprofundar o debate
político nestas dimensões, a partir das questões da Cidade, mas fazendo comparativos de projetos. Nós
queremos fazer esta discussão aqui e vamos fazer, gostem ou não gostem os
nossos colegas que vão ter que responder. Até porque esses mesmos Vereadores -
e disse isso provocativamente - quando interessa o debate, puxam questões
nacionais, quando a nossa posição muitas vezes não é muito "popular",
porque eles vêem algumas contradições no nosso projeto, puxam questões de
Brasília, do Espírito Santo. A Erundina, na Administração passada, era
criticada o tempo todo - em segundo lugar, pois, em primeiro lugar, era Olívio
Dutra - quando interessava o debate neste nível. Isso é correto. E vamos fazer
o debate nesse tom, porque é impossível discutirmos questões municipais se não
estiverem informadas com um projeto político, porque todos nós temos origens,
compromisso, temos partido, história. E essas questões têm que vir a todo momento na discussão, se quisermos
fazer da Câmara de Veradores um local de aprofundamento das questões
municipais.
A Srª.
Anamaria Negroni: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) No nosso entender,
e no entender de muita gente em Porto Alegre, a Frente Popular, em todos os
momentos de campanha, fugiu do discurso - e não fomos nós - fugiu do discurso
com relação aos problemas de Porto Alegre, colocando sempre a questão estadual
e federal em primeiro lugar, e exatamente por isso logrou êxito. Outra coisa:
com relação ao discurso de vocês, o nobre Deputado Federal do PT, de Juiz de
Fora, Paulo Delgado, diz que, se vocês não mudarem de discurso e não o atualizarem, vocês ficarão no meio do
caminho.
O SR. JOSÉ
VALDIR:
Olha, Vereadora, eu acho que a todo momento está sendo feita uma acusação ao
eleitor, pois parece que o eleitor de Porto Alegre é burro. Se nós fugimos do
debate das questões municipais, se a todo momento, quando fomos cutucados, nós
fugimos, e o eleitor, mesmo assim votou
em nós pela terceira vez, eu acho que está se querendo chamar o eleitor de
Porto Alegre de burro. Se o PT fez isso na eleição, da forma como V.Exa. está
dizendo, está se fazendo uma acusação ao eleitor de Porto Alegre. Discordo e
não acho que estejamos fugindo do debate, mas respeito sua avaliação, e acho
que quem fugiu do debate de aprofundar as discussões centrais não fomos nós.
Nós fizemos o debate tanto das questões municipais, quanto das questões estaduais
e nacionais, e acho que exatamente por sabermos ligar os problemas municipais
com a questão de um projeto político é que o eleitor votou e tem votado na
proposta do Partido dos Trabalhadores, porque tem percebido duas coisas:
primeiro, que tem uma boa administração, em que pese ter problemas setoriais
ainda a serem resolvidos; e segundo, uma administração que representa um
projeto político em nível nacional. E aí que discordo do Ver. Fernando Záchia,
quando vem a tribuna falar de erros e acertos, embora pense que erros e acertos
fazem parte, e é um dado até da existência humana, e portanto, são elementos da
política, também. Na nossa condição humana existe a possibilidade de errarmos e
acertarmos, mas não é disso que se trata e não é essa tônica do debate que
fazemos e que se pretende fazer. O que está em discussão são projetos
políticos. Quando nós criticamos, não é tanto pelos erros ou acertos, porque
dentro da lógica, por exemplo, o que defende o Fernando Henrique, PSDB, aliado
ao PFL, muitas coisas estão coerentes com o projeto político, eles estão dando
a linha para o governo. Então, não é questão de erros ou acertos, é questão de
projetos políticos que nós queremos vir a esta tribuna debater e confrontar.
Quanto à questão da ULBRA,
solicitei a cópia do discurso do Vereador e quero aprofundar a discussão,
porque ela me interessa. Há uma preliminar que quero de antemão deixar
anunciada nesta tribuna. Se de fato há o descuprimento da Lei, não é porque ali
vai-se colocar atendimento de saúde que vai justificar. Na minha vila, uma vez
quiseram doar a praça para a instalação de uma creche e nós fomos contra. Agora
vai se inverter, vai-se criticar a SMOV porque não fez o embargo no início da
obra para, quem sabe, a ULBRA em um ato ilegal gastar menos.
Quanto à questão dos
alagamentos, já têm sido feitos muitos investimentos nesta Cidade, inclusive na
Zona Norte; na Vila Elizabete, que vivia alagada, o problema foi solucionado.
Não é verdade que não se tem feito nada. Tem-se feito muito nesta Cidade. Concordo
inteiramente com o Ver. Gerson Almeida, que é justamente por isso que temos
evitado catástrofes. Foi isso que o Vereador disse. Isso não autoriza aquela
lógica que deve estar arrepiando o Aristóteles no túmulo: "Ainda não
morreu ninguém". Quer-se dizer que se deseja que morra. Isso é uma
deturpação da lógica aristotélica. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Adeli Sell está com a palavra, em Comunicação de Líder.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós acreditamos que a Bancada do PT, nos últimos
dias, tem sido injustamente acusada de não falar, de não se preocupar, de não
tratar de questões locais. Estive aqui pensando, desde a hora da abertura da
Sessão de hoje, porque havia um Pedido de Providências e um Pedido de
Informações do Ver. Adeli Sell e do Ver. Renato Guimarães sobre questões bem
pontuais de Porto Alegre. Na semana passada tratamos aqui de uma questão muito
importante de um bairro da Cidade, sobre um caíque da época do Collor, quase
todo ele abandonado, uma parte utilizada pela Prefeitura Municipal em convênio
com o Governo do Estado para utilização de um posto de saúde e tomamos
providências sim, como disse aqui. É lastimável que o colega Fernando Záchia
não esteja presente porque, inclusive, envolve o Governo do Estado em convênio com
este para utilização do centro esportivo dessa grande escola lá do Parque Santa
Anita, próximo da Vila Santa Anita, e, também, uma creche com todo equipamento
para as crianças, não utilizado até esse momento. Nós nos dirigimos à
Prefeitura Municipal, aos órgãos responsáveis, para que tomem medidas e façam
um convênio com o Governo do Estado sem restrições, porque somos responsáveis
se aquela escola, se aquela creche, não funcionar adequadamente, por omissão.
Eu acho que temos que tomar medidas e nos responsabilizar por questões da nossa
administração.
Eu vou me adiantar e falar
sobre a questão dos alagamentos, já que
eu iria fazer isso amanhã. Eu queria falar, nobre Vereador João Dib, dos
alagamentos no Bairro São Geraldo, que é bairro muito conhecido por V.Exa.
Dizia a diretoria da Escola Santa Família, na Av. Pará, que é verificado, pelos
anais da escola, que há 90 anos há problemas de alagamentos naquela região dada
sua configuração geográfica. Evidentemente que agora, quando houve as últimas
chuvas, houve alagamento, mas nós tomamos a iniciativa de procurar o DEP na
Zona Norte e de buscar os técnicos, os funcionários responsáveis e mostrar a
eles o que ali acontecia, porque visitamos esse bairro. Nós tivemos o
compromisso da Administração de Porto Alegre, do DEP, de fazer um trabalho
emergencial, imediato, porque há coisas que podem ser feitas e não totalmente
solucionadas, até porque está em discussão com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, o BID, a busca de um financiamento de 9 milhões de reais para
fazer dois condutos forçados naquela região da Cidade. Portanto, estamos
discutindo com a comunidade para que vá ao Orçamento Participativo e pressione
o DEP para que parte desse financiamento vá exatamente para aquelas obras que
são necessárias, obras de grande vulto. Aquela região tem um comprometimento de sua rede de esgotos
pluviais muito grande, deve ser refeita. Nós vamo-nos somar à preocupação do
Ver. João Dib que colocou a questão da educação ambiental. Eu tenho falado,
toda vez que encontro o nosso Secretário Municipal do Meio Ambiente, para que,
junto ao DMLU, ao DEP, aos órgãos da Prefeitura, faça uma grande campanha de
educação ambiental e em consonância com a Secretaria Municipal de Educação. Ontem
me dizia um amigo, pai de duas meninas, que são elas que mais trabalham pela
educação ambiental na sua família e na sua vizinhança, porque na escola em que
estudam há esse tipo de trabalho. Portanto, nós estamos colocando esse tipo de
preocupação e queremos que o nosso Município também tenha esse tipo de
preocupação. Queremos discutir sempre que necessário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra. V.Exa. dispõem de 10 minutos, em
Comunicações.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos, preliminarmente, repudiar essa
dicotomia que se busca estabelecer aqui na Casa, de Vereador que fala coisas só
sobre o Município ou de Vereador que fala só de questões nacionais. Nós somos
Vereadores de Porto Alegre, nós somos cidadãos, nós falamos sobre coisas do
Município, do Estado e do País e temos obrigação de fazê-lo. Nós temos sido, ao
longo do tempo, críticos contumazes relativamente à postura do Poder Judiciário
neste País, que, a nosso juízo, calou durante os anos mais negros da ditadura.
Lembramos o caso Wladimir Herzog; posteriormente, uma ação cível reparou, em
parte, aquele homicídio cometido nos cárceres do País, na época.
Paralelamente a isso,
queremos chamar a atenção para um fato que passou desapercebido da população e
da mídia, ou seja, as palavras do Des. Fabrício, Presidente do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. O Des. Fabrício, no início do ano judiciário,
a par de fazer as considerações sobre a estrutura do Poder Judiciário e suas
dificuldades, a falta de repasse de recursos orçamentários por parte do Governo
Estadual, legitimamente, constando na Legislação Estadual, em leis ordinárias e
complementares, ele, em seu pronunciamento, comentou uma questão que tenho
trazido de forma reiterada, ou seja, que neste País se rasga a Constituição.
Hoje, não temos mais uma Constituição, temos uma colcha-de-retalhos. Um País
que não tem Constituição é um País que não pode ter, em princípio, soberania.
Então, as palavras sábias, corajosas, de muita sensibilidade, do Des. Fabrício,
a quem eu quero, desta tribuna, prestar a minha homenagem, deve servir, porque
não partem do PT, ele não tem nenhuma proximidade com o Partido dos Trabalhadores; trata-se de um juiz de
carreira, investido no cargo através de concurso público de provas e títulos;
se não me engano, começando lá por Bossoroca e chegando hoje à presidência do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Queremos dizer que tratamos
de questões municipais sim. Eu estou esperando há vários dias para poder
responder ao Ver. Antonio Hohlfeldt, relativamente a um pronunciamento por ele
feito aqui, desta tribuna, de forma irada e veemente, sobre a questão da
desafetação de áreas na Vila Jardim; ele considerava que haviam agido com
má-fé, de parte do Executivo, porque mesmo com uma liminar, encaminhou a esta
Casa um projeto de lei cumprindo determinação da Lei Complementar 242/92 e 251,
que trata da desafetação de áreas públicas para projetos de habitação. Como o
Vereador reclamou que eu fiz comentários sem a sua presença, estou aguardando a
presença do Ver. Antonio Hohlfeldt para comentar mais detidamente essa matéria.
Queria salientar o
pronunciamento da digna Verª. Anamaria Negroni, que não quis me permitir um
aparte no momento oportuno, respeito a sua posição, é um direito dela, mas eu
não considero que tenha sido elegante e nem é do jaez da própria Vereadora:
acho que foi um momento de equívoco da nossa nobre Vereadora dizer o que disse
em relação ao dia em que esta Casa fará uma homenagem à mulher, numa Sessão
Especial; as palavras, possivelmente por equívoco, aqui trazidas pela
Vereadora, dão o ar de instrumentalização à mulher. Essas palavras precisam ser
reparadas. Eu até acredito que a Vereadora não tenha tido esse objetivo, mas me
parece que seria oportuno e eu quero lhe propiciar, vou conceder o aparte a
V.Exa. , contrariamente ao que V.Exa. fez em relação a mim. Quero dizer que
V.Exa. precisa fazer um reparo, que V.Exa. é uma das companheiras Vereadoras
desta Casa que, possivelmente, vá levar em frente a questão da luta da mulher,
as suas dificuldades, a opressão que sofre na sociedade capitalista. Realmente
ficaram muito mal aquelas palavras, dando um sentido de instrumentalização à
mulher, e, lhe concedo, então, a oportunidade que V.Exa. não me permitiu, para
que V.Exa. possa repor, na verdade, o real sentido das palavras no seu
pronunciamento.
A Srª.
Anamaria Negroni: V.Exa. concede um aparte? (Assentimento do orador.) Muito grata,
Vereador. Naquele momento, eu apenas havia começado a falar, V.Exa. já me pediu
um aparte, então, eu precisava concluir a minha linha de raciocínio, o que,
depois, não me foi permitido pela Verª Maria do Rosário. Fui mal-interpretada
em relação à frase. Depois, conversando com o Ver. João Dib, procurei entender a indignação da Vereadora. Ela ou V.Exas.
levaram para o sentido vulgar da frase, coisa que não havia me passado,
Vereador, nunca me passou pela cabeça o sentido vulgar que V.Exas. levaram. Eu
usei o sentido de que quem usa a máquina está cuidando as outras pessoas que
estão usando agora. Nesse sentido. Jamais usaria um termo vulgar tanto nesta
Casa, como em qualquer outro lugar. Nunca usei o sentido vulgar que V.Exa.
disse, só para distorcer o assunto.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO:
Seria importante que V.Exa., que é bacharel em Direito, desse uma lida no
Regimento da Casa, onde há expressões corretas para se dirigir a um Vereador.
V. Exa., que agora corrige o seu pronunciamento inicial, que foi oportuno. Eu
lhe propiciei essa oportunidade, já que V.Exa. já usou o tempo de Liderança,
não poderia fazê-lo nesta Sessão. Mas também, de uma forma leviana porque
genérica, acusou a Administração Popular do uso da máquina pública. Eu gostaria
que V.Exa. tivesse o cuidado, quando fizer este tipo de acusação, de precisar
os fatos, porque a forma genérica não é adequada para nossa relação neste
Plenário. Lembro que, em 1994, havia uma solicitação do Ver. João Dib relativa
à verba de publicidade do Poder Executivo. Foi solicitada a fiscalização desta
Casa na publicidade, mesmo no período de recesso parlamentar; foi solicitada no
Tribunal de Contas uma inspeção. Os relatórios parciais daquela inspeção,
realizada pelos auditores do Tribunal de Contas do Estado, indevidamente foram
repassados para a mídia, não se sabe por quem, e foram utilizados na campanha
do hoje Governador Antonio Britto. Ali se dizia da irregularidade e
ilegalidade. Jamais seria o Ver. João Dib que daria essa informação de forma
indevida daqueles pareceres preliminares
para um programa de televisão; devem ter sido outras pessoas. Posteriormente, o
Tribunal de Contas apreciou essa matéria e não viu nenhuma ilegalidade. As
verbas utilizadas pelo Município têm o caráter educativo, informativo e de
orientação social. São verbas que servem para custear as despesas do Diário
Oficial do Município, uma iniciativa da Administração Popular que diminuiu os
custos que antes possuíam o Poder Executivo
e Poder Legislativo com pagamentos feitos à CORAG.
Esse discurso vazio que não
aponta e que faz, de forma genérica, irresponsável, acusações, não pode
prosperar, e terá, aqui, sempre alguém preparado para rebatê-lo.
Foi apontada pelo IBGE uma
taxa de desemprego das mais altas, desde 1992, que já mostra a face
antinacional e de submissão ao capital internacional. Nós estamos com um taxa
de desemprego muito superior a todas as taxas dos últimos anos. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra, para Comunicação de Liderança.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu me considero um homem muito bem educado. Isso
não é mérito, porque bem educado o indivíduo nasce; agora, em matéria de
etiqueta, eu sou um fracasso. Eu não conheço qual o talher, cálice ou vinho que
se deve usar para determinada refeição, mas bem educado eu sou, porque isso vem
de dentro de cada um. Eu nunca agrido, às vezes, eu engulo agressões. Ontem
mesmo, ouvi na televisão alguém dizer que eu era movido por ideologia para
entrar em juízo com a ação. A minha ideologia
é o bem comum, não há outra. Eu me mantive sempre no mesmo partido, por nada
desse mundo troquei de partido.
Abordei um assunto que o
Ver. Reginaldo Pujol pode confirmar, quando estiver aqui. O Presidente Tancredo
Neves, que não chegou a assumir, mandava-me procurar para que passasse para o
PFL, que eu seria primeira página de jornal de todo o Brasil, porque eu era um
nome, segundo ele. Eu tenho minhas convicções e sou um homem ético. Realmente,
levei ao Tribunal, ao conhecimento público e do Prefeito, uma matéria que
entendia um absurdo. Em um único mês, recebi em meu gabinete, dezembro de 1993,
vinte e quatro documentos de papel gessado a quatro cores, impresso com razões
das mais estranhas e mais variadas, levei e não divulguei o parecer da
Auditoria Fiscal do Ministério Público e nunca usei. Agora, naquela
oportunidade, o que aconteceu foi que o Prefeito Tarso Genro foi multado em R$
300,00. Quando eu quis fazer uma propaganda, já que não quis gastar os 2% de
publicidade, fiz o meu volante, imprimi com as quotas de xerox que tenho aqui na
Casa, distribuí. O Prefeito Tarso Genro foi o primeiro a receber para que ele
soubesse o que estava no volante. E foi isso que o Governador Britto usou. Eu
dizia que no Orçamento Participativo não houve consulta para saber se a
Prefeitura deveria gastar cinco milhões de dólares em publicidade em 1993 ou
não. Então, o Ex-Prefeito Olívio Dutra, que é contrário a esses gastos de
publicitários, quando falaram em Orçamento Participativo, ficou contente e foi
surpreendido, quando, hoje, o Governador Antonio Britto afirmou que não havia
sido consultado o Conselho do Orçamento Participativo para gastar tanto
dinheiro em publicidade. Graças a Deus, conseguimos reduzir, agora está em 1/2%
do Orçamento, mas em 93 tinha 5 milhões de reais. Isso eu levei ao conhecimento
do Tribunal de Contas, porque essa é minha função de Vereador.
Que não se diga que a
Prefeitura nunca usou a máquina publicitária para promover o Dr. Olívio Dutra
porque, desta tribuna, eu trouxe até a centimetragem, mostrei o edital onde a
Prefeitura, na época da eleição de Britto, não podendo usar a publicidade,
fazia um edital, onde a maior parte do edital era consumida por esta frase:
"Na Prefeitura aposentado não entra em fila, está isento de IPTU".
Mentia descaradamente a Prefeitura, porque não foi iniciativa da Prefeitura e
sim do Ex-Vereador Divo do Canto, que fez com que algumas taxas de lixo fossem
isentadas.
Então, se alguém quer saber
como é que a Prefeitura faz propaganda em período eleitoral: é em edital! Eu
nunca vi no mundo edital fazendo propaganda. Mas na Prefeitura... aposentado
não entra em fila, ele está sempre na fila. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Verª. Maria do Rosário está com a palavra. Ausente. O Ver. Paulo Brum. Desiste.
O Ver. Renato Guimarães. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel. Desiste. Não há
mais Vereadores inscritos. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Reunião às
12h.)
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